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O hábito de não me habituar

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Parafraseando Thomas Mann, tenho o ‘hábito de não me habituar’. Uma teimosia por contágio, talvez.

Quando Cavaco fala ao País, é impossível furtar-me à ideia de que aquilo que ouço e vejo não é disparate, pronunciado por alguém que consegue ter o porte empoleirado na petulância, recheada de balofo e tecnocrático pensamento. Não consigo acreditar nos discursos, nas propostas políticas e na arrogância de quem se julga monopolista da verdade. Mais uma vez, no famigerado ‘projecto de salvação nacional’ acabou de comprovar-se a razão do meu ‘hábito de não me habituar’. Daqui a umas horas, na comunicação ao País, haverá nova prova, estou certo.

Se ouço o Coelho – sem querer até eu e uma multidão entrámos na reunião da Comissão Nacional do PSD, na última semana – não consigo dissocia-lo do Monty Phyton em ‘Como Irritar uma Pessoa’. Quem se habitua a admirar Coelho? Por aqui também não consigo eliminar o ‘hábito de não me habituar’.

Quando leio a comunicação da demissão “irrevogável” do Portas e vejo mais tarde as cenas do discurso do revogado Paulo na AR, citando Sá Carneiro e afirmar: “Primeiro, Portugal; depois, o partido; por fim, a circunstância pessoal de cada um de nós.”, sou forçado a sentir repulsa; ou seja, aprofundar a incredulidade nos políticos que temos, através do ‘hábito de não me habituar’ a esta gente destituída de ética e de princípios que a honradez e a dignidade não dispensam na prestação política.

Vejo Seguro aceitar a rasteira proposta do PR, o ‘compromisso de salvação nacional’, e com tal anuência transferir para o PS responsabilidades da crise que a coligação produziu, na mais inaudita das farsas da política portuguesa dos últimos tempos. Sedento de poder, tão desqualificado quanto Passos e outros ex-jotas, ficou alegremente acorrentado à proposta de Belém. Terminou, no Rato, enumerando as condições do PS não satisfeitas, em conversações que jamais deveria ter aceitado. Isto também não me demove do ‘hábito de não me habituar’ a esta geração de políticos de outro mau hábito nacional que é o ‘arco do poder’.

O PR perdeu, embora logo queira deixar a imagem de vencedor. Os portugueses perderam. Estão atados, de pés e mãos, amordaçados por esta gente e credores internacionais, onde pontificam o FMI e os aliados amigos da CE e do BCE.

Portugal afundou-se, com as políticas dos últimos 30 anos, a “generosa ajuda externa”, a salvação dos bancos e a extorsão dos rendimentos aos mais frágeis. Centenas de milhares de portugueses, em que me incluo, têm de viver sob a sentença do ‘hábito de se habituar’ a privações de oportunidades de trabalho, com pouco ou mesmo sem dinheiro e até carentes de alimentos essenciais para idosos, gente em idade activa e crianças. Já nem falo em cuidados médicos limitados habilmente por Paulo Macedo.

Sem culpas de qualquer espécie na crise, faz-se justiça à maneira da Idade Média. Castiguem-se duramente os indefesos e mais frágeis!


Filed under: economia, política nacional, sociedade Tagged: cavaco, compromisso de salvação nacional, crise, Passos, políticos portugueses, Portas, Seguro, sofrimento dos fracos

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